domingo, 27 de março de 2011

 TRANSCARIOCA

População de “mariscos” no caminho da Transcarioca 


            Segundo a analogia feita pelo morador, Ivo Menezes, “A pedra significa a Prefeitura, a água os vice-prefeitos e os mariscos a população”. Residente no bairro do Campinho, Zona Norte do Rio, ele foi irônico ao relatar que os mariscos são os pobres e servem apenas para tomar pancada. Ivo, foi um dos entrevistados da nossa equipe que foi às ruas para constatar problemas enfrentados pelas famílias que estão na linha da Transcarioca. Muitas estão desesperadas por não ter recebido a indenização ou porque não estão conseguindo arrumar um novo imóvel para alugar. 


>> Entendendo a obra 


            A Transcarioca, é um corredor exclusivo para ônibus articulado por BRT, e está a todo vapor. A obra que ligará a Barra da Tijuca ao Aeroporto Tom Jobim custará R$ 2 bilhões, sendo R$ 1,1 bilhão financiados pelo governo federal e o restante pela prefeitura do Rio e terá 41km de via exclusiva com integração ao metrô e trem, além da implantação de ciclovias. Na região do bairro do Campinho, as desapropriações e demolições já começaram. A previsão de término é em 2014.
            Como parte do projeto, a construção de um Mergulhão em frente ao supermercado varejista Assaí, será a primeira obra a ser concluída. As obras prevêem ainda 45 estações, três terminais para embarque e desembarque de passageiros, nove pontes, três mergulhões, dez viadutos, duplicação de pistas e urbanização das áreas adjacentes. Ao todo serão 3 mil imóveis demolido. Segundo a Secretaria de Obras o tempo no trajeto será reduzido em 60%. 



>> Desapropriação x Injustiça

            Como em qualquer projeto que visa modificar ou melhorar a qualidade de vida da população de uma região da cidade, a Transcarioca segue a mesma ideologia. Ela apresenta diversos benefícios por onde irá passar, mas traz demasiados problemas e transtornos. A nossa reportagem conversou com uma dessas famílias, composta pela cabeleleira Maria Aparecida, de 53 anos, pelo garçom Ivo Menezes, de 49 anos e pela autônoma Marcela, de 21 anos, além de mais dois moradores. Todos estes, se mostraram bastante indignados com a falta de informação da Prefeitura.
- “ Eu tenho um filho de 1 ano e 7 meses, e estou grávida, e amanhã( quarta-feira, 30/3), eles chegam eu vou pra onde? Vou pro meio da rua? Não tem condições. Eu quero casa, eles( a Prefeitura) vão me dar?- indagou Marcela.
            Os moradores na região não estão mais dormindo tranquilamente. Muitos se encontram aflitos e incertos com relação ao tempo hábil que possuem para saírem de seus imóveis.
-“A senhora ali, a pressão dela “ta” oscilando porque a qualquer momento eles batem na porta e tem que sair”, afirmou Ivo.
            Indignado, ele fez menção ao sistema político adotado por 25 anos no Brasil e que segundo ele se repete no tratamento atual das autoridades.
-“Eles não podem fazer o que estão fazendo. Agora eu pergunto a vocês, isso aqui é democracia? Isso aqui é uma ditadura.”- declarou.
            No caso da família com a qual conversamos, eles se preparavam para deixar o imóvel no dia da nossa reportagem. O relato é que eles se instalarão provisoriamente na casa de parentes.
-“Quando a gente sair daqui vai ter que alugar alguma coisa. Eu “to” botando as coisas na casa da avó dela( Marcela), e também na casa da minha mãe. Depois vamos pensar em arrumar uma casa pra gente ficar.”- falou, preocupada, a moradora Maria Aparecida.
            O que mais chama atenção é o jeito com que as pessoas estão sendo tratadas. Dona Maria, conta o tratamento dos órgãos públicos.
-“Recebi a notificação, a mulher( da Prefeitura) veio aqui, eu assinei um papel e ela falou que temos que sair até amanhã(quarta, 30/3). Porque se não sair, vai tirar todo mundo de dentro, e vai levar para o depósito até a gente arranjar uma casa.”
            O grupo de moradores moram de aluguel em uma casa simples em frente ao Corpo de Bombeiros do Campinho. Denunciam que a Prefeitura os considera invasores da propriedade.
-“ A Prefeitura fala que a gente não tem direito, mas nós não somos invasores. Não somos irregulares, somos inquilinos.”- disse a cabeleleira.
            Quando questionamos sobre o que irão fazer para conseguir o ressarcimento, a fim de que possam arrumar um novo imóvel, eles afirmam que tudo dependerá da sentença que o juiz dará.
-“Agora, a gente “ta” dependendo do juiz. Porque assim o juiz pode dar causa ganha para nós. Pelo menos ele vai dar o imóvel ou o dinheiro para poder alugar uma nova casa. Aqui( em Madureira), não conseguimos arrumar nada. Os aluguéis são caros, tudo entre R$800 e R$900. E eu sendo autônoma, hoje tenho dinheiro, amanhã não.”- contou a moradora.
            Por outro lado, os moradores reconhecem a importância da obra que irá beneficiar 400 mil pessoas diariamente.
-“Essa obra é boa. Mas por outro lado “ta” sendo ruim pra gente, morador.”- observou Ivo.
            Enquanto fazíamos a entrevista com os moradores, fomos surpreendidos com a passagem pelo local de dois advogados que se prontificaram a nos explicar sobre a questão do direito de posse e o que terá de ser feito por parte dos interessados que querem a indenização.
-“A obra em si há uma utilidade. A maneira da desapropriação é que não está correta. A obra em si é necessária.”- afirmou o advogado Paulo Issa.
            Perguntamos qual ação que esta e as demais famílias, lesadas pela obra, podem ter. Eles foram taxativos.
-“Entrar com uma ação corretiva alegando o direito a posse. É um direito que está na Constituição.”- explicou o outro advogado, identificando-se apenas como Roberto.
            Durante uma longa explicação, os advogados afirmaram que no caso da família entrevistada o próximo passo a ser tomado é um novo processo na justiça contra o proprietário do imóvel.
-“Eles tem que entrar com uma outra ação. A ação de emissão de posse em cima de quem é o proprietário, que está no RGI( Registro Geral de Imóveis). Ele pode até ter falecido, mas sendo proprietário, ele não está na posse. Quem está na posse são eles( a família que ali reside a 10 anos), então a ação teria de ser ingressada contra o herdeiro, ou o próprio proprietário.”- falou Paulo.
            Ao questionarmos sobre o porque de muitas famílias não serem notificadas com antecedência sobre a necessidade de sair do local, Paulo Issa, nos disse que tudo é feito através do nome que consta no RGI.
-“Quando há a desapropriação ela versa sobre o proprietário, mas o proprietário não está mais no imóvel, ele vendeu. Só que está no RGI, então depositam dinheiro no nome dele, vem até a sua propriedade, com as autoridades, e levam as pessoas para fora do imóvel, quando elas são de posse do imóvel. Eles não estão dando chance a quem está na posse de discutir seu direito. A pessoa terá de discutir depois que está fora. Eles estão desapropriando imóveis rapidamente, porque querem correr com a obra.”
            Paulo Issa também alerta que a Prefeitura não pode alegar que não sabe quem está na posse do imóvel.
-“Eles não podem alegar que não sabem quem está na posse se houve um processo administrativo. Foram lá e viram que quem mora é fulano, com a família tal, naquela casa.”
            Quanto a indenização daqueles que são inquilinos, a explicação é que o direito se dá a pessoa de posse do imóvel.
-“O dinheiro está lá, a disposição de quem de direito vai buscar. Seria de quem está no imóvel? Sim. Mas se ele tem o direito a buscar aquele dinheiro tem que dá um tempo também para ele sair do imóvel, isso eles não estão dando”- lamenta o advogado. 


>> Congestionamento e transtorno 


            A rua Domingos Lopes, que começa em Madureira e prolonga-se até Campinho, é o grande “canteiro de obras” da Transcarioca. No local, já foram feitas mais de 80 demolições. Demolições estas que ocorrem diariamente. A tendência do trânsito é só piorar, inclusive é o que as próprias autoridades já admitem. Há na região pelo menos três desvios feitos pela CET-RIO para que o trânsito escoe melhor pelo bairro. O primeiro, fica antes mesmo de entrar na rua, na qual o efetivo ( pelo menos a metade) é obrigado a seguir pela rua Agostinho Barbalho. O segundo desvio ocorre na chegada a praça patriarca, por onde carros e ônibus que seguem em direção a Vila Valqueire já o fazem sempre que a rua Domingos Lopes está engarrafada. O terceiro, fica na altura do supermercado Assaí( até o momento a grande concentração da obra) pela qual veículos pesados, como caminhões e ônibus são obrigados a virar na rua Maria José e contornar a UPA de Madureira para então chegar a Intendente Magalhães e por conseguinte seguir viajem pela rua Cândido Benício.
            No domingo, dia 27/3, a rua Domingos Lopes ficou fechada ao trânsito para que máquinas e caminhões da prefeitura pudessem transitar livremente. Por conta do fechamento da rua, em pleno final de semana, um congestionamento se formou chegando até bairros como Cascadura, Praça Seca e Vila Valqueire. Não faltaram críticas e descontentamentos por parte dos motoristas. 



Matéria: Bruno Guilherme Tortorella
Equipe de Reportagem: Letícia Cristina, Letícia Monteiro e Pedro Henrique
Redação Final: Bruno Guilherme
Edição Fotográfica: Pedro Henrique
Edição Final: Yran Costa e Letícia Cristina




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URGENTE!

Massacre em Realengo. Atirador invade escola, mata 11 crianças e fere outras 13

         Wellington Menezes de Oliveira, de 24 anos, invadiu na manhã desta quinta-feira(7/4), a escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ele se passou por palestrante, tendo em vista que a escola estava realizando diversas atividades em comemoração aos 40 anos de sua existência. Wellington entrou armado e nitidamente seletivo quanto às suas vítimas.
         Os alunos que conseguiram escapar do massacre se abrigaram na casa de um carteiro que mora em frente à escola e estava com a porta aberta.
         -“Eu estava saindo pra trabalhar quando as crianças entraram correndo na minha casa, ensanguentadas, pedindo ajuda. Eu pensei em ir à escola, mas quando ouvi os tiros, resolvi voltar.”- disse o carteiro.
         Os estudantes relataram que o assassino escolhia quem iria matar. Segundo eles, o “psicopata e animal”, assim definido pelo Governador do Rio, Sérgio Cabral, atirava preferencialmente em meninas, mas dois meninos também foram atingidos pelo atirador.
            Muita gente entrou em choque, desmaiou nas escadas da escola e por pouco não foram pisoteadas. Segundo testemunhas, Wellington estava saindo da escola quando se deparou com uma patrulha que passava pelo local. Ao ver o homem armado, o policial ordenou que ele se rendesse e não foi obedecido. Ele teria então tentado fugir e acabou atingido por um tiro no abdômem. Então, o rapaz retornou ao estabelecimento de ensino e se suicidou dando um tiro em sua cabeça.
Hoje, (8/4), os familiares, conhecidos e amigos enterraram as vítimas do massacre. A maioria das crianças foram sepultadas no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o Secretário de Segurança Pública do Estado, José Mariano Beltrame compareceram ao cemitério e também prestaram as suas homenagens. O corpo do atirador ainda está no IML( Instituto Médico Legal). Nenhum parente apareceu para tratar do enterro.













Matéria: Tatiane Marinho, Rayssa dos Santos, Alessandra Alves, Marriete Pereira e Gabriella de Azevedo.
Redação Final: Bruno Guilherme.
Edição Final: Letícia Cristina e Yran Costa.



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TERROR NO JAPÃO 


Catástrofes naturais resultam em vazamento radioativo
 
     Estima-se que aproximadamente 4 mil pessoas morreram nos desastres naturais ocorridos no Japão no dia 10 deste mês. Outros 6.746 estão desaparecidos, segundo balanço da Polícia Nacional divulgado pela agência de notícias Kyodo. Mas com muitos corpos ainda não identificados e várias cidades completamente destruídas, a expectativa é que o número de vítimas aumente e chegue a 10 mil.
Cerca de 150 soldados foram enviados para ajudar na medição dos níveis de radiação. O Japão tem cerca de 50 reatores. Quando o terremoto ocorreu, 11 deles pararam de funcionar automaticamente. Na cidade de Fukushima, no nordeste do país, onde três reatores estavam em operação, o sistema resfriador do primeiro falhou, após uma queda no fornecimento de energia. A perda de eletricidade atrasou a liberação de vapor dentro dele.
A companhia nuclear havia informado que a usina poderia liberar vapor propositalmente para aliviar a pressão, o que poderia causar vazamento.
- A quantidade seria pequena e o vento está soprando em direção ao mar- justificou o chefe de gabinete do governo, Yukio Edano, em entrevista concedida a comunidade internacional.
Horas depois a Tokyo Eletric Power, empresa operadora da usina, anunciou ter perdido o controle da pressão em alguns reatores de uma segunda usina em Fukushima.
- A pressão está estável dentro dos reatores, informou o operador, mas está subindo em outras partes.
Anteriormente, os Estados Unidos já haviam oferecido resfriadores. O Japão recusou.
               
 
Tsunami do Índico 


    Em 2004, um tremor de 9,1 na escala Richter gerou uma tsunami que devastou 12 países e matou 230 mil pessoas. A tragédia foi conhecida como a Grande Tsunami do Índico. O Tsunami do Índico foi transmitido por Tv’s e pela internet para um mundo horrorizado com as imagens de pessoas, trens e casas arrastadas pelas ondas.





Maior Terremoto 
   O Terremoto que matou o maior número de pessoas já registrado na história da humanidade ocorreu no centro da China em 1556. Ele matou pelo menos 830mil pessoas. Sua intensidade é desconhecida.

População japonesa não pôde contar com estrutura de transporte e comunicação após terremoto”

    A modernidade japonesa que sempre esteve a serviço da população para evitar grandes prejuízos em desastres naturais, desta vez foi insuficiente. Cerca de quatro milhões de casas não tem eletricidade. Trens e metrô estão sem funcionar, deixando milhões de pessoas impedidas de locomover e voltarem para suas casas. Portos e aeroportos foram fechados, enquanto estradas estão bloqueadas por detritos e rachaduras. E para completar, os celulares estão mudos.




Matéria: Letícia Monteiro Siqueira.
Redação Final: Bruno Guilherme.
Edição Fotográfica: Gabriella de Azevedo Queiroz e Pedro Henrique
Edição Final: Yran Costa e Letícia Cristina.